
A hora de levantar rondou as 8.30 a.m. Este foi um exercício difícil, já que estávamos extremamente cansadas do dia anterior. Acordei com os braços doridos por ter carregado as malas por toda a cidade.
Foi nesta manhã que deparámos com a maior das dificuldades, não poder tomar banho. As casas de banho eram imundas e os chuveiros não tinham tapetes plásticos onde por os pés e como não prevemos esta situação não trouxemos chinelos.
Bem, resolvemos vestir-nos e descer para o pequeno almoço que estava incluído na estadia. Tinha-mos direito a torradas com manteiga ou geleia, café, sumo, leite e cereais. Não é como num grande hotel mas para uma pousada parece-me apropriado.
De seguida dirigimo-nos para a escola de autocarro ou BUS como dizem por cá. O caminho ainda era um pouco longo, pois o Hostel ainda ficava longe.
Chegámos em frente do College eram por volta das 10.30 a.m. e ficámos deslumbradas. De noite, não no apercebemos do quão bonita é a fachada da parte antiga do CAMBERWELL COLLEGE OF ARTS. Parte antiga porque a universidade iniciou-se num edifício antigo e mais tarde foi feito um acréscimo numa arquitectura mais recente. Esta tem uma fachada semelhante a muitas que estamos habituadas a ver em Portugal, mas a antiga é qualquer coisa. É provavelmente uma estrutura habitual em colégios ingleses, mas para nós é como estar num filme. Lembra um castelo antigo ou uma grande casa assombrada, e incute uma imponência estonteante a quem o observa.
Na escola conhecemos o Jim Pierson, o coordenador das relações internacionais, que nos colocou a preencher papeis na secretaria para nos registarmos como alunas do College e recebermos os nossos cartões de estudante. Ao contrario de Portugal, aqui temos os cartões de imediato. Tiraram-nos uma foto horrível numa web cam, e um segundo depois estava o cartão a sair prontinho de uma pequena maquina.
Assim que terminámos fomos almoçar, já passava do meio dia e meio e a cantina da escola estava a começar a encher. Esta não é como à nossa, é uma mistura de pequeno bar e cantina onde há de tudo um pouco: sandes, comida quente, saladas, iogurtes, etc, mas “at the English way”.
A Andreia experimentou uma Jack Potato with chilli, mas não gostou, penso que os feijões estavam mal cozidos or something.
Eu comi uma espécie de salada de lentilhas com bocados de frango estufado num molho de tomate e pimentos. Não era mau de todo, tinha um sabor bastante intenso, muito temperado e definitivamente muito diferente de qualquer prato português. Contudo, era comestível, mesmo considerando os vómitos que estava a provocar na Andreia.
De seguida tínhamos ficado de procurar o Patrick. De alguma forma, no meio do labirinto que é a escola, conseguimos encontrar o seu escritório. Foi nesse momento que recordei o que eu estava realmente a fazer neste filme. Recebemos os primeiros projectos: Sex, Lies and Comunication e outro seria para escolhermos entre os briefings do D&AD.
Rapidamente despachou-nos para as mãos do David Coventon, o tutor do second year de Graphic Design. Sim é verdade, UM SÓ PROFESSOR.
Cada ano tem apenas um professor e uma só disciplina. Esta disciplina destina-se a receber projectos e desenvolve-los. Não aprendem programas, não aprendem regras gráficas, não aprendem teoria, nada.
O David é um FIXE!! Foi o único que se disponibilizou a mostrar-nos as instalações. Levou-nos a passear por toda a escola, explicou-nos como tudo funcionava, FOI UM MUST!! Gostei principalmente da parte em que explicou o horário das aulas, ou seja... NÃO HÁ AULAS!! É VERDADE, NÃO HÁ AULAS!! O que há é dias de ir á escola, que basicamente são as terças e as quintas. As quartas servem para palestras, visitas de estudo e pouco mais. E as sextas são dedicadas a workshops, nos quais nos não participamos porque estes só irão terminar no final do ano.
Acabamos a tour por volta das 2 p.m. e seguimos para a suposta sala de aula, o so called Studio, onde ficámos a conhecer parte da “nossa” turma. Inclusive, participámos numa pequena reunião onde o David conversava com um grupo de alunos sobre um projecto que tinham que fazer durante as férias de Natal. Chegamos mesmo a ver dois dos projectos (in)acabados. Definitivamente, não estava à espera de passar por um momento destes durante esta experiencia. Senti-me realmente desiludida.
Comecei por achar estranho o facto de o deadline ter terminado e muitos ainda não tinham entregue o projecto, mas não há problema. NÃO HÁ PROBLEMA??!! Sortudos, se fossem em Portugal estavam bem tramados.
Algo que eu também não estava à espera foi o mau acabamento dos trabalhos, eram mais parecidos com estudos primários de um projecto, só para dar uma ideia. Mesmo o tratamento gráfico estava péssimo, sem qualquer noção estética, e mesmo a aplicação física do projecto não tinha nada de interessante ou criativo.
Mas o que mais me chocou foi o facto de a opinião do grupo e mesmo a do professor ser positiva.
Bem, como tinha-mos como prioridade e urgência encontrar casa, aproveitámos o resto da tarde para o fazer.
Primeiramente dirigimo-nos ao gabinete de apoio ao aluno, onde conhecemos o Derek, o encarregado do mesmo. No entanto o único apoio que nos soube dar foi indicar-nos um website. UM WEBSITE??!! Acho que não precisava dele para chegar a essa ideia.
Bem, foi no www.gumtree.com que passamos o resto da tarde. Após uma longa procura, pouco ou nada conseguimos encontrar. Ligamos para alguns sítios, a maior parte dos quais já estavam ocupados. Entre muitos, apenas conseguimos marcação para ver dois, um flat para hoje e um bedsit para amanhã.
Eram 7 p.m. e estávamos à porta do 11 CAMBERWELL CHURCH STREET, como estava marcado. Era um pequeno flat com dois quartos de casal, uma casa de banho e uma sala com cozinha, tipo 2 em 1. A casa não era nada má e estava bastante perto da universidade, mas o preço era um pouco puxado.
Quem nos mostrou a casa foi um agente de uma imobiliária, o Roan. Era um tipo muito simpático, no entanto, em conversa, descobrimos que havia tempo mínimo de aluguer (6 meses), o qual não poderíamos cumprir. Contudo o Roan disse que nos tentaria ajudar, pois conhecia o dono de um prédio em frente e ia ver se ele tinha algum flat que nos pudesse alugar.
Desanimadas, decidimos procurar um local para jantar. Sem conhecer nada fomos andando quando, não muito longe, demos de caras com um Galo de Barcelos à entrada de um restaurante. Tratava-se do Nando’s, um restaurante, supostamente, Português. Engraçado que comida portuguesa naquele sitio designa-se a frango no churrasco e batata frita, pelo qual pagámos 15 libras, enquato em Portugal podemos comer o mesmo por menos de 5 euros.
Foi assim que aprendi que frango com piri piri é comida típica portuguesa.
Entretanto travámos amizade com alguns dos funcionários, em particular com um rapaz do Chipre chamado Holil, para os amigos “H”. Foi bastante simpático e disponibilizou-se para nos ajudar a encontrar casa. Combinámos, então, encontrar-nos no dia seguinte para falarmos com um amigo dele sobre uma casa que ele tem para alugar.
De seguida, vimo-nos obrigadas, especialmente porque o cansaço já apertava, a voltar para o Hostel, para mais uma noite “bem passada”. Amanha à mais para fazer...