Mal tocou o despertador pus-me logo a pé. Assim que fiquei pronta corri para tomar o pequeno almoço no Pub com a companhia do nosso amigo Muz. Enquanto isso a Andreia terminava de se arranjar e descia.
Já a minha taça de cereais iniciava a digestão e eu ainda me encontrava à espera da menina Andreia. Como é de esperar eu já começava a ficar nervosa, pois uma coisa que odeio é chegar atrasada a marcações, principalmente quando eu é que fico a perder.
Passado algum tempo, ela lá apareceu. Pelos vistos a mala tinha dado muita luta para fechar. Sim, porque devido à falta de segurança éramos obrigadas a fechar a mala a sete chaves todas as manhãs, e ainda passar o dia a rezar para que não fosse arrombada.
Já atrasadas, apanhámos o BUS. A caminho contactámos com a senhoria a avisar que estávamos a chegar, o que não ouve problema.
Depois de adivinhar-mos onde seria a casa, demos de caras com um pequeno prédio, tipicamente inglês.
A senhora encontrava-se no interior à nossa espera. Batemos à porta e assim que esta se abriu, subimos até ao terceiro e ultimo andar. As escadas eram estreitas e como é normal neste pais eram alcatifadas. Chegando ao andar em questão, encontrámos um flat para partilhar com dois rapazes, que não chegámos a conhecer.
O quarto era suficientemente grande para ter duas camas single, um roupeiro, uma cómoda e um minibar.
Considerando que era só para nós as duas, e depois das dificuldades que temos encontrado para encontrar casa, não está nada má. O desespero também já aperta e o preço é aceitável. 110 libras per week a dividir pelas duas.
Ao ver o resto da casa senti-me bastante confortável. Era tudo extremamente limpo e arrumado, pois parece que existia um inquilino que costumava tratar da manutenção das casa, o que incluía levar o lixo e assegurar a limpeza. Provavelmente era um pouco paranóico, pois por todo o lado podia-mos ver recados referentes a arrumar e limpar a casa.
Bem, agora que reflicto nisso, parece-me demasiado bizarro, mas na altura pareceu-me confortante saber que poderia viver num local limpo.
Pelo que a senhora nos falou, os rapazes que viviam naquele apartamento eram trabalhadores e sossegados, o que é sempre uma boa noticia. O que mais me assusta em partilhar casa é ter o azar de ficar com pessoas incomodativas (o que engloba muita coisa).
A casa tinha ainda uma lavandaria privativa ao nível da cave e mesmo ao lado uma cozinha com uma mesa grande para quando se quer trabalhar até tarde, ou comer e conversar durante a noite.
Mais uma vantagem é que pelo que a senhora disse, é possível apanhar wirless gratuito de algum sitio ali perto.
Tudo me pareceu perfeito, mas eu e a Andreia concordámos que seria melhor dizer que daríamos uma resposta até ao fim do dia. Nunca se sabe o que pode acontecer.
Fomos então para a escola, já atrasadas. Eram 11 a.m. quando chegámos à sala e encontrámos a turma no studio às escuras a ver um concerto de Beetles na tv. Pelo que percebi, o objectivo era observar uma fã num momento de euforia natural. Isto teve como introdução a um novo projecto.
Neste momento a turma foi dividida em grupos de 15 a 20 alunos e cada grupo foi dividido entre 3 professores. Agora, o mais estranho foi perceber que cada grupo ia passar a ter uma metade de um dia por semana para ir à escola. SIM, APENAS UM DIA POR SEMANA.
O nosso grupo ficou com o professor principal, o David, e com as quintas de manhã. Então o que se passa é o seguinte, o projecto é: todas as semanas um elemento do grupo tem de fazer uma apresentação de algo que goste. Pode ser um filme, um livro, um evento, qualquer coisa. No final, o grupo apresenta um trabalho que englobe um pouco de cada apresentação.
Sendo assim as nossas “aulas” funciona deste modo, às 10 a.m de cada quinta feira, o grupo une-se no studio e assiste à apresentação de um dos elementos, e de seguida temos tutorias individuais com o David para falar sobre os outros projectos.
Bem, neste dia as “aulas” acabaram por volta da 1 p.m. Falámos durante 5 minutos com o grupo para estabelecer as semanas em que cada um faria a sua apresentação, e ninguém quis saber de mais nada. O que eu achei estranho e questionei. Perguntei se não queria falar sobre como se iria fazer a apresentação global, mas ninguém pareceu interessado. Propus, então, fazer-se um género de diário onde se punha fotos de cada apresentação e cada um podia escrever um comentário.
Todos disseram que sim, mas com ar de quem nem quer saber o que se vai fazer ou não. Esta atitude deixou-me surpreendida. As pessoas parecem não levar isto muito a sério.
No entanto parece que a própria sala não é levada a serio, ou pelo menos é levada de forma muito descontraída. Não existem mesas individuais, apenas algumas encostadas à parede para quem precisar. As cadeiras são de plástico e estão espalhadas aleatoriamente pela sala, e podemos também encontrar um sofá para quem precisar de mais conforto.
As paredes têm um wallpaper muito “bonito” onde se pode escrever comentários ou colar coisas. É um espaço totalmente relaxado.
O que foi mais surpreendente durante esta aula, foi que de repente caiu-nos mais uma casa do céu. Parece que eu estava a adivinhar, quando pensei que era melhor não aceitar logo a outra.
Durante a manhã recebemos um telefonema do Roan, que não sei como mas conseguiu com que podéssemos ficar com o flat que tínhamos visto em primeiro lugar. Por um lado foi uma boa noticia, por outro nem por isso.
Eu tinha ficado contente com o twin room, mas a Andreia preferia o flat. Não é que me incomodá-se ter um quarto só para mim com cama de casal e uma casa inteira por nossa conta, mas este não tinha internet e era muito mais caro. 185 libras per week.
No entanto eu já tinha proposto anteriormente falar com o Muz para dividir uma casa. À partida era alguém que já conhecíamos minimamente, e se estávamos a dormir à uma semana no mesmo quarto que ele, também dormíamos na mesma casa. Deste modo, a despesa era a dividir pelos três, mas o único problema era que ele teria de dormir no sofá.
Bem, ficámos de falar mais tarde com ele.
Durante a tarde já nos sentia-mos mais sossegadas. Finalmente parecia que íamos ter casa, se não fosse uma era a outra.
Decidimos, então, aproveitar para dar um passei. Convidámos o Muz e fomos todos a Stockwell que nos foi indicado por uma rapariga madeirense que conhecemos numa Bakery. Ao que parece é um local onde existem muitos portugueses.
Realmente, mal chegámos lá e começámos a ver lojas, cafés, restaurantes, farmácias, etc, tudo com nomes portugueses, como Funchal, Madeira, Sintra, entre outros.
Entrámos num restaurante com comidinha à moda de Portugal. A Andreia deliciou-se com uma bela sopa de ervilhas e aproveitámos para ver um pouco do programa da tarde da RTP. UPA, UPA, BEM BOM!!
Todos os empregados eram portugueses, assim como os clientes, era quase como estar em Portugal, tirando os preços que eram bem à inglesa.
Já que estamos numa de passear resolvemos ir a Londres centro observar umas lojas. Sim, observar, porque comprar não é para o nosso bolso. As lojas que existiam naquela rua, são as mesmas que temos nos shoppings em Portugal, roupa da moda. Mas acabámos por passar lá a tarde toda.
Entretanto aproveitámos para propor ao Muz partilhar o flat. A resposta foi positiva, o único se não era o dinheiro. Tinha-mos de pagar um mês de deposito e mais um mês adiantado, o que fazia mais de 490 libras para cada um. Tendo em conta que o Muz está desempregado, é difícil arranjar tanto dinheiro de repente.
Como solução fomos a casa de uma amiga dele, a Jenny, que se encontrava com o seu namorado Perry, para pedir dinheiro emprestado. Eles são uns fixes. A Jenny está a estudar enfermagem e vive num room alugado. O Perry não faz nada da vida e vive em casa dos pais que são cheios da money.
Entretanto, num acto de fé, a Andreia ligou para o Roan a implorar que pagássemos apenas um mês. Qual não foi o espanto quando ele na maior das simpatias respondeu que era na boa. Aproveitámos ainda para negociar as bils (água, luz e gáz). O que no final ficou por 30 libras a mais na renda.
O cenário estava a melhorar, mas mesmo assim estava complicado para a Jenny e o Perry arriscarem. O que compreendo perfeitamente, eu própria tinha as minhas duvidas. Morar com alguém que não tem trabalho, nunca se sabe como vai correr da próxima vez que for preciso pagar.
Bem, ficámos de esperar uma resposta deles até à manhã seguinte, e já estávamos a arriscar perder as casas.
Voltámos ao Hostel já passava da minha hora de jantar. Nesse momento aproveitei para tirar a barriga de miséria e comer uma pizza no Pub, pois tínhamos desconto por estar-mos lá hospedados.
Este foi mais um dia intensivo, com muitas surpresas e decisões a tomar, mas como sempre acabamos por voltar para o mesmo quarto do Hostel. Mas desta vez com um sorriso na cara... a partida estava para breve.
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